Geologia: Campanha de valorização revela a importância da atuação profissional

A Geologia, talvez a mais variada das ciências naturais, estuda a Terra como um todo, a sua origem, composição e estrutura, bem como os processos que deram origem ao seu estado atual. Estuda também a vida registrada nos fósseis, restos ou vestígios de animais e plantas preservados nas rochas.

De Saussure (1740-1799), foi um suíço que explorou cuidadosamente os Alpes, e considerado o primeiro a usar o nome genérico de Geologia. É uma ciência relativamente nova, surgida no século 18. No Brasil as atividades científicas na área de Geociências foram iniciadas praticamente no século 19, através das numerosas expedições efetuadas por cientistas/naturalistas europeus ou norte-americanos cujos objetivos eram os de conhecer, observar, descrever e catalogar os materiais encontrados em suas viagens a lugares então remotos do território brasileiro.

Durante e após esta fase pioneira, o governo imperial tomou algumas importantes medidas para oficializar as atividades geocientíficas, criando o Observatório Nacional (1827), e posteriormente a Comissão Geológica do Império (1885) e a Escola de Minas de Ouro Preto (1886). Embora as atividades tivessem caráter de ciência básica, com o tempo voltaram-se quase exclusivamente para a prospecção mineral, especialmente quando em 1934 foi criado o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).

A pesquisa geocientífica básica somente avançou nas Universidades com o desenvolvimento de departamentos de Geologia, Mineralogia, Geografia e afins nas recém criadas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, a partir da década de 30, ou nas preexistentes Escolas de Engenharia. Mais tarde, já na década de 50, foram inaugurados cursos de Geologia em Ouro Preto (junto a Escola Nacional de Minas e Metalurgia), Porto Alegre, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Os primeiros geólogos diplomaram-se em 1959.

Atribuições e áreas de atuação – Entre as principais atividades desses profissionais estão o mapeamento geológico, com a representação dos diferentes tipos de rochas e as relações entre elas; a hidrogeologia, pesquisa de águas subterrâneas e o gerenciamento recursos hídricos; atuação nas minas, junto aos Engenheiros de Minas na pesquisa de orientação de lavras; no campo da geotécnica junto aos Engenheiros Civis na construção de estradas, túneis, viadutos, barragens e edifícios etc.

No sensoriamento remoto os geólogos fazem o mapeamento geológico de solos, de vegetação, de áreas cultivadas, entre outros; na geoquímica planejam a coleta de amostras de solo, rocha, água e sedimentos de corrente (areias do fundo dos rios).

Há um extenso campo de atuação na geologia ambiental, onde, trabalhando com técnicos de outras profissões, os Geólogos atuam na prevenção de enchentes, deslizamentos de terra e erosão, na escolha de locais para instalação de depósitos de lixo, cemitérios, aeroportos, núcleos residenciais, fábricas, na detecção e delimitação de áreas poluídas no subsolo, na delimitação de áreas de preservação ambiental, como parques, nichos ecológicos, florestas e nascentes de rios, bem como na delimitação de áreas impróprias para a construção. Ainda na esfera ambiental atuam no planejamento da expansão urbana, na solução de conflitos causados pela mineração em áreas urbanas (pedreiras, por exemplo); na elaboração de planos diretores municipais e na recuperação de áreas degradadas pela mineração. Há ainda a pesquisa universitária, com inúmeras especializações.

O Dia do Geólogo é celebrado em 30 de maio em homenagem a aprovação do Projeto de Lei nº 2028/60, de 1962, sendo criada a Lei nº 4.076, que regulamenta a profissão.

Essa lei estabelece como competências do geólogo ou engenheiro geólogo: trabalhos topográficos e geodésicos; levantamentos geológicos, geoquímicos e geofísicos; estudos relativos às ciências da terra; trabalhos de prospecção e pesquisa para cubação de jazidas e determinação do seu valor econômico; ensino das ciências geológicas nos estabelecimentos de ensino secundário e superior; assuntos legais relacionados com suas especialidades; além de perícias e arbitramentos referentes a essas áreas.

Cada vez mais digital, mineração adota modelo 4.0

A mineração é uma atividade econômica muito importante para o Brasil. Atualmente, o minério de ferro é o terceiro item na pauta de exportações do país, atrás somente da soja e do petróleo.

No primeiro semestre, foram exportados US$ 9,7 bilhões em minério de ferro brasileiro, o que representou alta de 5,5% sobre o mesmo período de 2018, segundo dados do Ministério da Economia.

Para garantir competitividade mundial, é necessária muita tecnologia. Com a digitalização, o setor ruma para o conceito de mineração 4.0, com sistemas autônomos e inteligência artificial.

O Brasil é referência mundial em mineração, tanto que o chefe do escritório de digitalização em mineração da thyssenkrupp globalmente (com sede na Alemanha), Bruno Castro, é um brasileiro.

Líder em soluções para mineração no Brasil, a thyssenkrupp aplica a digitalização em todos os seus processos, que conta com portfólio de mais de 200 soluções de máquinas e sistemas, desde a mina até o porto.

“Nos últimos 10 anos, triplicamos o ritmo de inovação em nossas máquinas, principalmente na parte de sistemas. Um cliente, hoje, continua com a mesma máquina, mas quer automação”, explica Bruno Castro, chefe do escritório de digitalização da área de mineração da thyssenkrupp.

Assim, a digitalização aumenta significativamente a eficiência dos processos. Sem falar da consequente redução nos custos de produção.

Fase da mineração

A maioria dos processos ainda está na etapa de automação avançada, quando máquinas funcionam sem operador, baseadas em algoritmos, mas sem integração e sem inteligência artificial.

Segundo Castro, a tendência atual é a digitalização da atual automação avançada, sendo um importante passo em direção à mineração 4.0. Nessa fase, a máquina manda dados o tempo todo para a nuvem, que, por sua vez, devolve os dados à máquina, indicando como funcionar melhor.

“É uma digitalização que traz maior segurança e apresenta uma automação interessante ao cliente”, explica.

O objetivo final, porém, é a mineração 4.0, abrangendo todos os ativos do cliente, de forma integrada. O que deve chegar por volta de 2030. “É nosso sonho, é a nossa visão. Ele vai surgir quando todas as máquinas estiverem na rede, conectadas, mandando informação para a nuvem e recebendo dados em troca”, afirma Castro.

“Nesse momento, conseguiremos ter sistemas unificados de 30 máquinas ou mais. Além disso, haverá automação total das máquinas, que poderão optar pela mineração mais produtiva para a empresa.”

Início da mineração

Por enquanto, a thyssenkrupp apresenta os níveis mais avançados de digitalização em cada uma das três fases da mineração.

Primeiramente, há os mining systems (extração). É a fase da mineração do terreno em si, a céu aberto ou debaixo do solo, com as gigantes escavadeiras, transportadores de correia, dentre outros.

Aqui, há um nível de complexidade maior para a digitalização. Afinal, as máquinas estão em maior liberdade pelo terreno e é difícil automatizar todos os processos envolvidos nessa fase.

Ou seja: o mercado de máquinas em geral está em um nível de mineração entre 2.0 e 2.5.

“Esta fase está chegando na maturidade agora. Estamos desenvolvendo diversos projetos globais para acelerar o avanço da tecnologia”, diz o executivo da thyssenkrupp. “O ambiente altamente mecanizado está ficando bem mais automatizado e digitalizado”.

Minério digital

Depois, há o minerals processing (processamento). É a britagem e beneficiamento do minério, onde se faz uma espécie de aprimoramento do que foi minerado na primeira fase.

“Está numa fase muito madura de digitalização, de 3.0. Já funcionam sem operadores e mandam informações diretamente para a nuvem, onde depois tratamos por algoritmos”, diz Bruno.

É possível dizer, por exemplo, porcentagem de material de boa qualidade e a melhor maneira de minerar na região. Tudo por meio dos dados captados pelas máquinas digitalizadas. Assim como aumentar a eficiência do beneficiamento, reduzindo tempos de downtime e prevendo com melhor antecedência as manutenções dos equipamentos envolvidos.

m seguida, há também o materials handling (manuseio e escoamento). Essa fase inclui o pátio de estocagem, em que se aplica inteligência para saber onde cada material foi estocado e quais são as características de cada um.

Com isso, todos os materiais são dispostos automaticamente nos devidos vagões e cria-se rastreabilidade durante todo o trajeto até o porto.

Depois, digitalização no próprio processo do porto. Operadores, agora, não precisam mais operar máquinas. Apenas necessitam monitorar e comandar sistemas desenvolvidos pela thyssenkrupp.

Assim, esta é uma fase de digitalização madura, de 3.0, onde máquinas de pátio conseguem funcionar sem o operador. “São máquinas que necessitam apenas de um operador tomando café”, brinca Castro.

Enfim, a thyssenkrupp cobre todas as etapas da mineração. “Olhamos para toda a cadeia de produção. Somos uma das duas únicas empresas a nível mundial que consegue fazer isso, e este conceito chamamos de from pit to port”, explica o executivo.

Brasil na mineração 4.0

O Brasil, hoje, possui um papel de protagonismo na mineração 4.0. A própria divisão de mineração da thyssenkrupp, em 2017, abriu um escritório na Alemanha, seu país-sede, para comandar os processos de digitalização.

E o brasileiro Bruno Castro foi o escolhido para comandar o escritório, que administra as atividades de 16 localidades globais – principalmente Brasil, Austrália, América do Norte, mercado asiático e parte do leste europeu.

“Quando falamos de máquinas de mineração, não tem como não falar sobre o Brasil. Nós somos referências mundiais”, afirma Bruno Castro.

O executivo, porém, afirma que ainda há espaço para melhorias e automação avançada no Brasil. Afinal, o mercado de mineração ainda é muito conservador. “Temos oportunidades”, diz. “As mineradoras brasileiras estão interessadas em aumentar a eficiência e segurança”.